Por que estudar mediunidade ?

Silvio César Carnaúba da Costa*

No decorrer destes últimos anos, muitos seminários foram desenvolvidos pelo Departamento de Mediunidade no Estado, dois dos quais gostaríamos de destacar: “Mediunidade: Estudo e Prática” e “A Importância do Estudo da Mediunidade”.

Esses seminários são desenvolvidos para todos que se interessam pelo tema, incluindo tarefeiros, estudantes, dirigentes de grupo de estudo, dirigentes de casas espíritas ou de órgãos de unificação.

Durante a apresentação dos seminários, uma das nossas perguntas iniciais é: todos precisam estudar mediunidade?

Em O livro dos médiuns, Cap. XIV, Os Médiuns, item 159, há a seguinte definição:

Toda pessoa que sente a influência dos Espíritos, em qualquer grau de intensidade, é médium. Essa faculdade é inerente ao homem. Por isso mesmo não constitui privilégio e são raras as pessoas que não a possuem, pelo menos em estado rudimentar. Pode-se dizer, pois, que todos são médiuns em maior ou menor grau. Usualmente, porém, essa qualificação se aplica somente aos que possuem uma faculdade mediúnica bem caracterizada, que se traduz por efeitos patentes de certa intensidade, dependente de uma organização mais ou menos sensitiva.

Deve-se notar, ainda, que essa faculdade não se revela em todos da mesma maneira. Os médiuns têm, geralmente, aptidão especial para esta ou aquela ordem de fenômenos, o que os divide em tantas variedades quantas são as espécies de manifestações. As principais são: médiuns de efeitos físicos, médiuns sensitivos ou impressionáveis, auditivos, falantes, videntes, sonâmbulos, curadores, pneumatógrafos, escreventes ou psicógrafos.

Tendo consciência que o Espiritismo não foi o precursor, não é e nunca será dono da Mediunidade, essa prática no Centro Espírita deve diferir da mediunidade de forma geral, respeitando as orientações das Obras Básicas.

Podemos concluir que a justificativa para participar de um curso  de mediunidade no Centro Espírita seja a necessidade que o médium tem, como condição primordial, do estudo para a compreensão da sua faculdade e do conhecimento da natureza dos Espíritos que utilizam sua possibilidade mediúnica para um contato mais próximo com os encarnados.

Assim, conseguimos entender que há uma diferença no entendimento do que significa desenvolver, na visão contida em O livro dos médiuns, do que geralmente vemos na prática. Precisamos compreender que o desenvolvimento envolve a Educação da Mediunidade e que o desenvolvimento “prático” é apenas uma pequena etapa desse amplo processo. A educação diz respeito à mudança de estrutura mental, vibracional e de ação no bem.

Conviver com a mediunidade é uma situação que todos nós presenciamos, de uma forma ou outra. Para alguns, torna-se mais árduo devido a forma que ela se manifesta e que depende do nível de entendimento, equilíbrio psíquico, emocional, físico, etc., do indivíduo.

Vemos, em muitas instituições, pessoas que chegam no atendimento fraterno com distúrbios supostamente mediúnicos, que, muitas vezes, são erroneamente confundidos com obsessão ou mesmo com desalinhamentos físicos.

Algumas casas, ainda de forma perigosa, propõem ao indivíduo que chega na casa espírita ir diretamente para o trabalho, justificando situações do tipo: “Ah… essa é sua prova ou expiação”. Ou pior, sugerindo ou amedrontando aquele que ali chegou, com a frase: “Você tem uma missão!”. Passar por esse tipo de experiência pode levar o indivíduo a um completo desajuste, que, por medo ou até mesmo vaidade, se coloca como intérprete dos Espíritos.

Dessa maneira, fica evidente que o estudo consciente da mediunidade é uma ferramenta de evolução    do   encarnado,   muito   antes   de   ser qualquer expiação, prova ou merecimento. Precisamos também nos afastar de alguns conceitos errôneas, como de que o médium é um ser sofredor, endividado, que poderá cair e sofrer no plano espiritual (esses conceitos não têm relação com a Doutrina Espírita).

No estudo, buscamos o aprendizado no enfrentamento das dificuldades e desenganos relativos ao desconhecimento do assunto, relacionados à manifestação dos Espíritos e ao diálogo com Entidades sofredoras; à obtenção de boas comunicações mediúnicas e à neutralização de atos oriundos de Espíritos moralmente inferiores.

O estudo traz uma condição mais segura de trabalho, pois (i)incentiva o trabalho, intensificando a colaboração com os técnicos espirituais responsáveis pela atividade mediúnica que se apresenta e (ii) melhora a sintonia com os instrutores, envolvendo os comunicantes, para que se portem ordenadamente, não transformando as reuniões em perfeitas confusões.

Enfim, a educação mediúnica é para toda a existência, pois à medida que o medianeiro se torna mais hábil e aprimorado, melhores requisitos ele tem à sua disposição para a realização do ministério abraçado.

A mediunidade não é, portanto, um estudo para conversar com os Espíritos, mas principalmente um fator de autoeducação.

O objetivo essencial do Espiritismo é o melhoramento dos homens. Não é preciso procurar nele senão o que pode ajudá-lo para o progresso moral e intelectual. (O espiritismo em sua expressão mais simples – item 35)

“Conhecereis a verdade e ela vos libertará”. Jesus

* Silvio César Carnaúba da Costa  é Diretor do Departamento de Mediunidade da USE SP.

Nenhum pensamento

  1. Gostei da exposição feita no texto e tenho algumas dúvidas para as quais peço esclarecimento, se possível.
    1. Todos devem estudar mediunidade independente de serem médiuns ou sensitivos?
    2. Em sendo positiva a resposta à pergunta acima, por que?
    3. Se os Espíritos interferem nos nossos pensamentos muito mais que imaginamos, por que precisamos de “desenvolver a mediunidade” uma vez que essa interação com o mundo espiritual já acontece naturalmente?
    4. É afirmado no texto acima que um dos objetivos do estudo da mediunidade é a “obtenção de boas comunicações mediúnicas”. Como classificar uma comunicação mediúnica como boa? Quais os critérios?
    5. Muitas mensagens que já tive acesso (escritas ou psicofônicas) são mais do mesmo. Já temos centenas de msgs de Emmanuel, Joana de Angelis, André Luiz, Bezerra de Menezes para citar alguns e não identifico nada de original ou diferente sendo produzido. Faz sentido prosseguir com esse tipo de atividade mediúnica? Não me refiro aqui às reuniões de desobsessão ou tratamento espiritual que entendo têm propósito específico.

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