O resultado do censo oficial brasileiro em 1940 revelou dados fundamentais para o movimento espírita na época. Conforme os registros, o Brasil contava com 463.400 adeptos do Espiritismo, descontando aqueles que, por diversas razões, não assumiam abertamente sua adesão, como os indecisos e os que frequentavam outras religiões além dos Centros Espíritas. Dessa cifra total, 155.037 eram residentes em São Paulo, evidenciando a robustez que a doutrina alcançara nesse estado. No entanto, apesar dos números encorajadores, o movimento espírita em São Paulo encontrava-se disperso entre quatro entidades – a Federação Espírita do Estado de São Paulo, a Sinagoga Espírita Nova Jerusalém, a União Federativa Espírita Paulista e a Liga Espírita do Estado de São Paulo – que, ao invés de somar esforços, competiam entre si pela liderança no estado mais significativo do Brasil.
Entre os desafios identificados na prática espírita da época, destacam-se o desvio da doutrina, a propagação de práticas exóticas, a clandestinidade de várias instituições e a infiltração de ideologias políticas alheias ao Espiritismo nas fileiras espíritas. Diante dessa situação, os militantes espíritas sentiram a necessidade de buscar a unificação, dando início a um movimento destinado a promover a coesão das Instituições Espíritas no estado. Com o objetivo de reunir lideranças para discutir os rumos do movimento e aprovar projetos que resolvessem a questão da liderança do Espiritismo paulista, foi realizado o 1º Congresso Estadual Espírita de 1 a 5 de junho de 1947.
Com a participação de 550 Centros Espíritas, representantes das entidades espíritas paulistas e líderes espíritas de todo o país, as deliberações resultaram na criação da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo (USE SP). A partir de 1949, com a fundação do Conselho Federativo Nacional (CFN) por meio do Pacto Áureo (*), a USE SP tornou-se a Entidade Federativa, Coordenadora e Representativa do Movimento Espírita do Estado de São Paulo no CFN, em conjunto com a Federação Espírita Brasileira e as Federativas de outros estados.
(*) O Pacto Áureo foi o nome atribuído ao acordo firmado entre a Federação Espírita Brasileira (FEB) e representantes de diversas Federações e Uniões estaduais, com o objetivo de unificar o movimento espírita em nível nacional. Este pacto foi assinado na sede da FEB, então localizada na cidade do Rio de Janeiro, em 5 de outubro de 1949.
Para mais detalhes sobre a história da USE acesse os seguintes livros:
BETARELLO, Jeferson. Unir para difundir : o impacto das federativas no crescimento do espiritismo / Jeferson Betarello ; Cléria Bittar Bueno, Nadia Marcondes Luz, organizadores. Franca, SP : Unifran, 2010. 248 p. (Coleção Espiritismo na Universidade, 2).
LEX, Ary. 60 Anos de Espiritismo no Estado de São Paulo: nossa vivência. São Paulo: Edições Feesp, 1996.
MONTEIRO, Eduardo Carvalho; D’OLIVO, Natalino. USE-50 anos de unificação. São Paulo: Edições USE, 1997.
TOLEDO, Rubens, organizador. USE 70 anos – passado, presente e futuro em nossas mãos. São Paulo: edições USE, 2017.
Obs.: estes livros estão disponíveis na biblioteca Fonte de Luz e na Livraria, ambas na sede Santana, da USE, em São Paulo.