Carlos Orlando Villarraga *

Em setembro de 2015 a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que definem a Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável. Os ODS vão orientar as políticas públicas dos governos, bem como afetarão o setor privado, as ONGs e, certamente, a nós mesmos enquanto encarnados neste período. Os ODS (1) têm como objetivos acabar com a pobreza em todos os lugares do nosso belo planeta azul, acabar com a fome, assegurar uma educação inclusiva para todos, alcançar a igualdade de gênero, assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento básico para todos, reduzir a desigualdade entre os países, tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos.
Qual é o nosso papel, como espíritas, na implementação dos ODS? Ele é fundamental, pois devemos ser agentes dessa mudança, em nossos lares e também nas casas e instituições espíritas, contribuindo na construção de um mundo de regeneração, em que não haja fome, nem miséria, onde todos possam ter seus direitos respeitados.
Ou seja, onde todos os encarnados, possam ter todas suas necessidades básicas atendidas através do uso justo e eficiente dos recursos naturais disponíveis no planeta Terra.
Como podemos, de forma prática, implementar ações de sustentabilidade nas Casas e Instituições Espíritas? Devemos trabalhar em cada um dos três pilares do desenvolvimento sustentável: a conservação do meio ambiente, a justiça social e a prosperidade econômica. Sustentabilidade se refere não só à questão ambiental. É muito mais abrangente.
Algumas sugestões (2) de melhoria na área ambiental:
- fazer auditoria do consumo de energia para definir um plano de ação que pode incluir a troca das lâmpadas por lâmpadas LED, uso de eletrodomésticos com o selo Procel letra A,
- dispensar o uso do recurso standby de certos aparelhos ou desligá-los quando não estiverem em uso, maior uso da luz natural e da ventilação natural
- Instalar aquecedores solares onde houver demanda por água quente.
- Fazer também auditoria do consumo de água para detectar vazamentos ou infiltrações.
- Instalação da coleta de água de chuva para fins não nobres (rega de jardim, descarga de vasos sanitários, lavagem de pisos, etc.).
- Implementar o programa da coleta seletiva (3) e reciclagem, separando o resíduo seco (papel, vidro, metal, plástico) do resíduo orgânico. Fazer a compostagem desse resíduo orgânico para produzir adubo de excelente qualidade que pode ser usado nos jardins. Coleta e reciclagem do óleo de cozinha. Instalar bebedouros conectados à rede de água da cidade.
- Avaliar as diversas opções de materiais disponíveis para os copos utilizados na distribuição da água fluidificada oferecida nas diferentes atividades da casa espírita, a fim de escolher a de menor impacto ambiental.
- Promover a carona solidária para o deslocamento até a casa espírita.
- Usar papel reciclado para a impressão dos folhetos, propagandas, publicações periódicas e livros espíritas. Melhor ainda, se forem publicações eletrônicas.
- Instalar painéis fotovoltaicos para a geração da própria energia.
- Elaborar e implementar um programa de educação e sensibilização ambiental para os voluntários e funcionários das casas e instituições espíritas.
- Incluir na programação das palestras espíritas, temas relacionados com a questão ambiental usando como base as leis morais do livro terceiro de O livro dos espíritos.
- Realizar aulas em hortas, parques e ambientes naturais para as crianças da educação espírita infantil e para a mocidade espírita, com a finalidade de mostrar de forma prática a aplicação das leis da conservação, da reprodução e de destruição.
Com relação ao segundo pilar da sustentabilidade, a justiça social, apresentamos algumas sugestões:
- participar ativamente nos programas sociais da casa espírita.
- Avaliar se os programas de assistência social da casa espírita estão atendendo às reais e prioritárias necessidades da comunidade.
- Procurar entender as necessidades materiais e espirituais das pessoas que procuram a casa espírita.
- Implementar projetos geradores de renda para os assistidos dos projetos sociais.
- Promover cursos sobre os direitos e os deveres que temos como membros da sociedade.
Para o terceiro pilar da sustentabilidade, a prosperidade econômica, temos a oportunidade de contribuir em várias áreas:
- participar ativamente de alguma das atividades que arrecadam fundos para o funcionamento da instituição espírita.
- Acompanhar o comportamento e a evolução dos gastos.
- Promover formações sobre gestão financeira para os dirigentes da Casa Espírita.
A Doutrina Espírita nos brinda os elementos conceituais necessários e suficientes para entendermos a importância do nosso papel, bem como o nosso dever no sentido de agirmos para contribuir na implementação desses ODS no mundo.
Referências
[1] http://www.nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030
[2] A. Trigueiro. Espiritismo e Ecologia. Cap. 25.
[3] FERGS. Casas Espíritas e preservação ambiental: Guia de gerenciamento de resíduos sólidos. Cap. 2.
* Carlos Orlando Villarraga é engenheiro, escritor e expositor espírita, de São José dos Campos