HOUVE ALGUMA PANDEMIA À ÉPOCA DE ALLAN KARDEC? QUAIS FORAM AS RECOMENDAÇÕES DOUTRINÁRIAS?

Caros amigos espíritas ou simpatizantes do Espiritismo, nesta data (31/03) em que nos recordamos do nobre Codificador, Allan Kardec, que desencarnou em 31 de março de 1869, compartilho com vocês uma preciosidade da Revista Espírita que se encaixa perfeitamente neste período de coronavírus.

Na Revista Espírita de novembro de 1865, Kardec escreveu um artigo denominado “O Espiritismo e o Cólera”, eis que muitos adversários compararam o Espiritismo a uma peste que tomava conta da humanidade.

Kardec, sempre educado, refuta a tese e aproveita para escrever algo sobre a pandemia da cólera.

Registre-se que no período de 1845 a 1860 houve a terceira onda pandêmica de cólera, que ceifou milhares de vidas no mundo. Segundo alguns historiadores, essa pandemia causou o maior número de mortes no século XIX.

A cólera é uma doença bacteriana intestinal, normalmente causada pela ingestão de alimentos ou água contaminados.

No artigo, Kardec cita a carta de um leitor de Constantinopla, onde teria ocorrido mais de 70 mil mortes, tendo o leitor sugerido que os espíritas de lá, pela crença religiosa, teriam sido preservados do flagelo pandêmico.

De imediato, Kardec discorda da tese do leitor, afirmando que a fé espírita não poderia ser um antídoto contra a cólera, mas faz uma excelente abordagem no sentido de que o conhecimento espírita propicia uma força moral que é capaz de nos preservar de muitas doenças, porquanto essa força moral repercute no corpo físico, inclusive no sistema imunológico.

Há diversos estudos que correlacionam o binômio fé/saúde, que não se limita, é claro, apenas na crença espírita.

Kardec falou do medo da morte, que atinge uma quantidade imensa de pessoas quando se instala uma pandemia. O medo patológico, que vige nesse momento, por si só, já gera um estado emocional desarmonizado, que repercute na saúde física e mental, fazendo com que o indivíduo permaneça num estado de alerta intenso, gerando ansiedade e estresse.

Para o espírita não deve haver esse temor da morte, porque acredita na imortalidade da alma, que segue viva em outras dimensões da vida, o que, segundo Kardec, serve também para sustentar a aludida força moral.

O fato de não se temer a morte não significa que não damos valor para a vida física, tanto que Kardec expressamente fala que devemos seguir as medidas sanitárias, ou seja, o espírita segue as diretrizes e as normas das autoridades públicas, visando prolongar a vida, não por apego, mas por desejo de progredir. Veja que orientação atual para o coronavírus.

Kardec comenta sobre a importância da serenidade, que será vital para nossa saúde emocional e mental. A serenidade deve ser trabalhada, conquistada, de forma que devemos aproveitar o período de isolamento social imposto pelo coronavírus, a fim de buscar a meditação, a viagem interior e o autoconhecimento, ajudando na conquista da serenidade.

A oração será recurso primordial por nos manter conectados com Deus e com as forças superiores mantenedoras da vida.

Kardec também fala que o espírita deve mudar completamente seus hábitos. Vemos que o coronavírus nos impôs mudanças profissionais, familiares e sociais, de tal sorte que o espírita deve ser obediente e resignado, ajustando sua conduta às necessidades atuais, visando a saúde pessoal e coletiva.

No final do artigo, Kardec insere uma mensagem espiritual do Dr Demeure, que foi médico na sua última encarnação, e este espírito traz recomendações oportunas, aplicáveis ao período de pandemia que vivemos na atualidade.

O espirito do Dr Demeure acentua a importância da higiene e para se evitar os resfriados. Parece que ele está falando para a humanidade dos dias vigentes.

O referido espírito insiste para se evitar o medo, que é pior do que o próprio mal pandêmico. Que cabe ao espírita manter a calma dada pela fé e não recear a morte.

O médico desencarnado ainda fala para não se ignorar os primeiros sintomas da doença, que recomendarão medidas específicas. É claro que ele está falando da cólera, mas veja como se aplica ao coronavírus.

O espírito enfatiza a necessidade da confiança em si mesmo e em Deus como fatores vitais e propiciatórios de saúde.

Por fim, o Dr Demeure toca no assunto do temperamento espiritual, que, na realidade, diz respeito à nossa saúde emocional e mental, e forma que devemos evitar mágoas, ódios, tristezas, angústias, ansiedades etc., investindo na brandura, na amorosidade, na tranquilidade, no perdão, que nos ajudarão a manter a saúde espiritual, ainda que o corpo venha a adoecer.

Que artigo impressionante de 1865 e que tem plena validade para esse período de coronavírus.

Que orientações extraordinárias, morais e materiais, de Kardec e do Dr Demeure, que devem ser seguidas de forma integral pelos espíritas.

Aproveitemos essas lições valiosas e que possamos seguir confiantes, com Jesus e Kardec.

ALESSANDRO VIANA VIEIRA DE PAULA
Escritor e palestrante espírita

Leia na íntegra o artigo publicado na Revista Espirita de novembro de 1865.

36 pensamentos

      1. Muito interessante esse artigo! Tem pessoas que estão pegado o vírus por causa do medo e falta de fé em Deus.

      2. Muito enteresante, pois tem muitas pessoas com medo. Eu acredito que essa é a hora de nos olharmos para dentro de nós, e acreditar num mundo melhor. Eu tenho muita fé que vai passar logo. Que nem diria Chico Xavier, tudo passa. Só nos basta ter fé e acreditar em Deus.

    1. Irmão, seria interessante um link para o texto original, traduzido ou não, além de suas impressões pessoais. Que a paz do Senhor seja em sua vida.

      1. Gostei das reflexões esplanadas, muito sensatas. Mas acredite que tem grupos se reunindo , não vou mencionar a instituição por ser anti-etico, com o discurso que a evolução espiritual não poderia parar. Choquei com essa atitude.

    2. Fantastico……tudo se encaixa .. ouvi tambem a mensagem de de BARDONNIE e a previsaõ e verdadeira ele disse que ate 17 de MAIO SURGIRIA UMA DESCOBERTA E FOI ANUNCIADO ONTEM EM TODOS OS CANAIS DE TV A DESCOBERTA DE UM MEDICAMENTO E UMA VACINA … os espiritos nao falhaõ. Portanto a menagem de BARDONNIE E VERÍDICA alem de tudo que ele fala ter uma enorme definição sobre a PANDEMIA
      VALTER FERREIRA DE CASTRO

      POUSO ALEGRE MG

    1. Belas considerações e comparações , mas não podemos esquecer de imaginar qual seria a conduta do nosso guia Jesus, será que em um momento desse ele se contentaria em permanecer em casa , ou iria em busca das pessoas que sofrem ?

      1. Considerando que ele disse “dai a César o que é de César”, ele certamente teria seguido as recomendações sanitárias à risca. Além disso, mesmo se desconsiderarmos essa passagem, é inconcebível que ele colocaria em risco a saúde e a vida de seus apóstolos e seguidores, uma vez que pregava que temos que cuidar TAMBÉM do corpo, nosso templo individual.

  1. Adorei a leitura e realmente serve para os dias atuais. Para refletir e analisar o q estamos passando…

  2. Excelente artigo. Parabéns!
    Contudo, devemos ter o cuidado de explorar o assunto na plenitude que o momento exige. Nossa sociedade se debate quanto a prioridade entre isolamento social total (horizontal) ou parcial/seletivo (vertical). Neste último caso, o argumento é a manutenção das atividades econômicas e sociais necessárias ao bom funcionamento da Sociedade.
    Nesse aspecto, a Organização Mundial de Saúde (OMS), desfe 1947 define saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades”.
    A fim de lançar luz a essa questão e orientar-nos a buscar pelo equilíbrio entre a saúde mental, social e física, o artido de Kardec sobre “Espiritismo e a Cólera”, contido na Revista Espírita de novembro de 1865, esclarece-nos que “É preciso evitar também os resfriados, as transições bruscas de temperatura e abster-se, salvo necessidade absoluta, de toda medicação violenta que possa trazer perturbação à economia.”

    1. Nas obras organizadas por Kardec, o termo “economia” não é empregado sempre no sentido de atividades financeiras. A maioria das vezes ele (e os espíritos) se referem à “economia vital”, que nada mais é que o uso consciente das capacidades do nosso corpo, sem abusos de atividades e substâncias que possam comprometer a nossa saúde, ou a ausência de atividades e substâncias necessárias à saúde.
      No contexto desse texto da Revista Espírita, é exatamente esse o significado que faz sentido. Afinal, qual é a lógica de um medicamento que afete a economia financeira? Não tem sentido pensar assim, mas tem quando se considera a economia vital…

      Sobre a definição da OMS, sim, ela engloba muitas coisas, mas não podemos nos esquecer que uma das diretrizes da OMS e das diversas áreas da saúde é que a vida deve ser preservada tanto quanto possível, então não faz sentido acreditar (e temos aí diversos profissionais da saúde renomados que concordam com o que estou dizendo) que todas pessoas deveriam estar “vivendo normalmente” pra manutenção da economia (financeira) enquanto arriscam tão diretamente suas vidas no processo. A excessão óbvia é o das pessoas que trabalham em serviços essenciais.

      Posso ainda ajuntar que as pessoas que se colocam em risco desnecessariamente (e contrários às recomendações dos agentes de saúde), e venham a ser contaminadas, passam a ser, voluntariamente nesse caso, um peso para a sociedade, coisa que o Espiritismo “condena”, e caso transmitam para outras pessoas, passam a ser também “infratores” por desrespeitar, também voluntariamente nesse caso, a vida dos outros, o que também é um “crime” aos olhos de Deus.

      Quanto ao isolamento vertical, ele não faz sentido nenhum, uma vez que a grande maioria das pessoas do grupo de risco não tem condições de ficar sozinhas, e as pessoas que cuidam deles estariam em contato com o vírus constantemente, e acabariam levando-o até os “isolados” e os infectando. E tem as pessoas que são de grupo de risco E NÃO SÃO IDOSOS, e também fazem a economia (financeira) girar… Os números são bem grandes, viu?
      Procure no Google “por que isolamento vertical não faz sentido” e veja os muitos argumentos, em diversas fontes, incluindo os casos em que essa prática não deu nada certo (e tem situações que parece que deu, mas foi feita em conjunção com muitas outras medidas que sequer estão sendo cogitadas em muitos países). Inclusive é possível encontrar textos descrevendo como o impacto à economia (financeira) é menor com o isolamento total do que com os efeitos do vertical…

  3. Maravilhosa forma d tranquilizar a população, Deus e misericordioso d mais nos permitindo ter acesso a uma leitura fantástica e esclarecedora sobre o q nos atinge, obrigado amigos e irmãos por isso, Deus esteja com vcs 🙏❤…

  4. Naquela época já havía a homeopatia, cujo “PAI” –
    Samuel Hahnemann – de quem, por sinal, existem comentários em ‘ O Livro dos Espíritos”, já havía usado tais medicamentos no tratamento em epidemia de cólera, na Alemanha nos anos 1700
    com resultados de cura em 95 por cento dos pacientes, enquanto com alopatia apenas 45 por cento curados. De lá para cá em váriaa epidemias a homeopatia bem sendo usada com sucesso.

  5. Muito obrigada por esses esclarecimentos! Cheguei num ponto de muita angústia! Mas agora tentarei me espiritualizar mais e seguir os ensinamentos contidos nesse texto. Deus nos ilumine e nos dê paz.

  6. Obrigado pelas linhas de esclarecimento e paz , nessa época de incertezas e de corações sofredores uma palavra de esperança ajuda o espírito cansado de tantas notícias ruins.

  7. Só tem um erro de interpretação do texto na parte que se refere a Kardec discordar da tese do leitor, o trecho da carta não afirma que é a fé espírita é um antídoto em si, mas um preservativo por evitar o medo que é considerado um predisponente. Kardec só reforça a ideia do leitor e explica, não discorda.

  8. Não devemos perguntar qdo tudo isso vai passar e sim perguntar para nós mesmos: Como estou contribuindo, nesse momento tão crítico e angustiante que o planeta está passando??
    O fato de sermos espíritas , não quer dizer que somos blindados ou não. Mas,com certeza se trabalharmos na nossa melhoria Espirtual moral,a proteção dos nossos irmãos espirituais virá. Não como privilégio e sim,como oportunidade de trabalho. Deus não desampara nenhum dos seus filhos. “Mas cada um segundo as suas obras”. Paulo de Tarso. E tudo é aprendizado.

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