Doutrina

Primórdios do Departamento de Doutrina da USE

Marco Milani

Texto publicado na Revista Dirigente Espírita, ed. 192, nov/dez 2022, p. 41-42

                Desde a fundação da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo (USE), em 1947, a coerência doutrinária foi uma das preocupações constantes desta instituição. Na organização de comissões e departamentos internos, sempre buscou-se pautar pela solidez dos princípios e valores espíritas apresentados por Allan Kardec.

                Considerando a própria natureza agregadora da USE, a qual foi formada pelos esforços conjuntos das quatro maiores entidades federativas da época sediadas na capital (Federação Espírita do Estado de São Paulo, Liga Espírita, União Espírita e Sinagoga Espírita), tornou-se assunto recorrente a necessidade de orientação a todos dirigentes das casas associadas e dos órgãos representativos para a harmonização do embasamento teórico-doutrinário das práticas adotadas.

                Registra-se na Ata do Conselho Deliberativo Estadual (CDE) da USE, em reunião realizada em 26/03/1949, a criação de uma comissão específica para analisar e favorecer a padronização das práticas das entidades[1]. Essa comissão, composta por Luiz Monteiro de Barros, Emilio Manso Vieira e Ary Lex, foi a precursora do Departamento de Doutrina (DD), formalmente constituído em 1951.

                Além do contribuir ativamente com seus pareceres e orientações sobre diversas questões doutrinárias solicitadas pelo CDE e pela Diretoria Executiva, o DD também atuava na organização de cursos específicos, como o de mediunidade e de passes.

                Dois tópicos recorrentes de atenção e que se apresentavam fortemente relacionados eram o sincretismo religioso e deturpações doutrinárias abraçadas por alguns dirigentes e adeptos. Por exemplo, registra-se na reunião do CDE, em 15/03/1959[2], a aprovação do documento “Movimentos paralelos ao Espiritismo”, elaborado pelo então diretor do DD, Luiz Monteiro de Barros, enfatizando a necessidade de se zelar pela Doutrina Espírita ante a teorias, conceitos e práticas estranhas ao Espiritismo. Tal documento foi encaminhado ao Conselho Federativo Nacional para consequente ciência aos demais órgãos federativos estaduais e à Federação Espírita Brasileira.

                Outros exemplos de suporte às deliberações institucionais são verificados na reunião do CDE, em 13/03/1960[3], quando os conselheiros solicitaram ao DD uma análise e manifestação sobre as obras de Osvaldo Polidoro, o qual se considerava a reencarnação de Allan Kardec e propagou a doutrina denominada Divinismo e na reunião de 12/03/1961, mediante a solicitação de análise sobre o movimento OSCAL – Organização Social Cristã-Espírita André Luiz.

                Com o documento “Kardec e a unificação”, o DD apresenta ao CDE, em 12/06/1961, um elaborado trabalho em prol da unidade doutrinária e, nesta mesma reunião, solicita-se ao DD a preparação de textos em linguagem mais populares sobre o que seja o Espiritismo para envio aos jornais de grande circulação. De acordo com o depoimento do 1º tesoureiro, Carlos Dias, durante conversa com Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, em Uberaba, o médium mineiro destacou sobre responsabilidade da USE no que toca à garantia da pureza doutrinária.[4]

                Em comunicação mediúnica recebida por Emílio Manso Vieira, na reunião do CDE, em 11/06/1966, enfatiza-se a necessidade de “intransigente respeito à Pureza Doutrinária, não se permitindo que ideias estranhas venham contaminá-la.”[5]

Diante de sua função natural de análise e suporte doutrinário aos órgãos deliberativos e executivos da USE, o DD manteve-se disponível e com regularidade para o atendimento das solicitações recebidas sobre diversos temas e atividades. Na reunião do dia 06/06/1969, por exemplo, o CDE aprovou a realização da Campanha Evangelho no Lar, porém todas as sugestões sobre a temática deveriam ser encaminhadas por escrito ao DD, para triagem e futura publicação.[6] Temas sociais polêmicos, como controle de natalidade, também foram objeto de reflexões do DD para consequente manifestação do CDE.[7]

Um assunto com grande repercussão nos meios espíritas, no ano de 1975, contou com pormenorizado parecer do DD apresentado ao CDE sobre a adulteração de O evangelho segundo o Espiritismo, traduzido por Paulo Alves de Godoy e editado pela FEESP. Ressaltou-se a relevância doutrinária de não modificarem-se os termos do texto, vocábulos ou expressões originais que constem da obra original. O CDE aprovou a publicação de uma Nota Oficial, em nome da Diretoria Executiva, nesse sentido.[8] Doze anos depois e com menor repercussão, o DD também ofereceu elementos ao CDE para que se criticasse outra tradução da mesma obra, então feita por Roque Jacinto e que se publicasse manifestação formal da USE, inclusive informando o CFN.[9]

Inúmeras outras atividades foram desenvolvidas com sucesso pelo DD na história da USE, portanto, pode-se afirmar que este departamento foi um componente ativo no fortalecimento do movimento espírita paulista.


[1] https://usesp.org.br/wp-content/uploads/2021/05/1949-CDE.pdf

[2] https://usesp.org.br/wp-content/uploads/2021/05/1959-CDE.pdf

[3] https://usesp.org.br/wp-content/uploads/2021/05/1960-CDE.pdf

[4] https://usesp.org.br/wp-content/uploads/2021/05/1961-CDE.pdf

[5] https://usesp.org.br/wp-content/uploads/2021/05/1966-CDE.pdf

[6] https://usesp.org.br/wp-content/uploads/2021/05/1969-CDE.pdf

[7] https://usesp.org.br/wp-content/uploads/2021/05/1971-CDE.pdf

[8] https://usesp.org.br/wp-content/uploads/2021/05/1975-CDE.pdf

[9] https://usesp.org.br/wp-content/uploads/2021/05/1987-CDE.pdf


FESTA DE NATAL
(Sociedade Espírita de Tours, 24 de dezembro de 1862 – Médium: Sr. N…)


Esta é a noite em que, no mundo cristão, se festeja a Natividade do Menino Jesus. Mas vós, meus irmãos, deveis também vos alegrar e festejar o nascimento da nova Doutrina Espírita. Vê-la-eis crescer como esta criança; como ele, ela virá esclarecer os homens e mostrar-lhes o caminho que devem percorrer. Logo vereis os reis, como os magos, virem também a esta doutrina pedir o socorro que já não encontram nas ideias antigas. Não mais vos trarão incenso e mirra, mas se prosternarão de coração ante as ideias novas do Espiritismo. Já não vedes brilhar a estrela que os deve guiar? Coragem, pois, meus irmãos, coragem; em breve podereis, com o mundo inteiro, celebrar a grande festa da regeneração da Humanidade.

Meus irmãos, durante muito tempo encerrastes no coração o germe desta doutrina; mas eis que hoje ele se manifesta em plena luz com o apoio de um tutor solidamente plantado e não deixará que se verguem seus frágeis ramos. Com esse suporte providencial, crescerá dia a dia e tornar-se-á a árvore da criação divina. Dessa árvore colhereis frutos, não só para vós, mas para os vossos irmãos que tiverem fome e sede da fé sagrada. Oh! então apresentai-lhes esse fruto e gritai-lhes do fundo do coração: “Vinde, vinde partilhar conosco o que alimenta o nosso Espírito e alivia as nossas dores físicas e morais.”

Mas não esqueçais, meus irmãos, que Deus vos fez levedar o primeiro germe; que esse germe cresceu e que já se tornou uma árvore capaz de dar frutos. Resta-vos algo a utilizar: são os galhos que podeis transplantar; antes, porém, vede se o terreno no qual confiais esse germe não oculta sob sua camada aparente algum verme roedor, que poderia devorar aquilo que o Mestre vos confiou.

São Luís – Revista Espírita – abril de 1863

Departamento de Doutrina

Diretor: Marco Milani

Secretários:
1º Secretária: Andréa Laporte
2a Secretária: João Tozzi
Assessores:
Alexandre Fontes da Fonseca e Sandro Cosso.

email: doutrina@usesp.org.br

Representantes Regionais

USER da Bx Santista e VRAllan Kardec Pitta Veloso
USER do Oeste PaulistaJosé Roberto
USER de CampinasJoão Tozzi
USER de MaríliaKarina Kasemodel Rafaelli
USER de Ribeirão PretoJoão Carlos Barreiro
USER de Rio ClaroMargareth Esther Guirau
USER de S. J. Rio PretoAllê de Paula
USER de São PauloFernando de Oliveira Porto
USER de SorocabaMaurício Jacopetti Bortoleto
USER de TaubatéElisabete Rocha Cortez Ribeiro

O que é o departamento?

O Departamento de Doutrina atua sob as diretrizes estabelecidas pela Diretoria Executiva da USE-SP, especificamente no que se refere ao oferecimento de referências doutrinárias aos dirigentes e demais colaboradores de instituições espíritas e ao público em geral.

Quais são seus objetivos?

a) Oferecer suporte doutrinário aos demais departamentos e aos órgãos da USE, quando solicitado.

b) Incentivar a realização de eventos e atividades em prol da coerência doutrinária.

c) Analisar e criticar a qualidade do conteúdo doutrinário presente em livros, eventos e outras formas de expressão espíritas.

d) Fomentar o estudo e a prática dos princípios e valores espíritas aos dirigentes e colaboradores de casas espíritas.

Quais são as principais atividades e trabalhos do departamento?

a) Campanha Coerência Doutrinária. Voltada para a compreensão e valorização dos princípios espíritas. Norteia o planejamento de ações deste departamento, destacando-se a orientação ao público especializado e leigo para a caracterização de conteúdos espíritas, pseudoespíritas e não espíritas.

b) Análise crítica e recomendação de livros espíritas. Por esta iniciativa, busca-se formar uma rede de pareceristas e divulgar obras doutrinariamente coerentes.

c) Promoção de eventos (seminários, palestras, rodas de conversa etc.) organizados diretamente ou apoiados por este departamento, tendo como público-alvo os dirigentes e colaboradores de instituições espíritas.

d) Participação em veículos de comunicação para colaborar ou tratar de questões doutrinárias. 





BANCO DE PARECERES DE LIVROS ESPÍRITAS

O Departamento de Doutrina da USESP iniciou um projeto para criar um banco de pareceres de livros espíritas.

Objetivo: Estruturar e disponibilizar um banco de pareceres de livros espíritas, servindo-se de uma rede de pareceristas cadastrados.

Justificativa: Dentre as atividades do Departamento de Doutrina da USESP, realiza-se a análise crítica e a recomendação de livros e conteúdos espíritas. Assim, é pertinente a formação de uma rede de pareceristas para alimentar uma base de dados que auxilie dirigentes e colaboradores espíritas a divulgarem obras doutrinariamente coerentes.

Clique Aqui e Conheça as Diretrizes para o Parecerista